domingo, 3 de outubro de 2010

inaudito

cortante
cortante
aquela coisa cortante que emana de mim quando te digo que te amo
coisa cousa causa

nos olhos
te olho nos olhos
tomado de uma perplexidade inaudita
uma alegria tormentosa
que
de alguma forma
me faz mais vivo

as palavras de amor que já te disse
as que temi dizer
e as que ainda te direi

descaradamente
despudoramente

palavras e corpos jogados um sobre o outro
os atritos suaves e os violentos
descontroladamente alternados

meu ser que se perde de mim
se perde um pouco de mim
e se encontra com o seu

me esqueço de quem sou
me esqueço de querer ser
e me entrego às pulsões vadias que levam até você

as coisas todas misturadas no coração
os pedaços cacos destroços de minhas vidas passadas
os ferimentos nunca cicatrizados que eu mostro prá você

e que você olha com um cuidado tão intenso e terno para esses pequenos monstros esses pequenos monstros que te mostro e que agora se mais parecem com anjos pequenas e belas criaturas aladas que me trouxeram até você

eu preciso chorar de novo eu sempre preciso chorar de novo e você me acalentando enquanto choro e meus monstros meus monstros meus pequenos anjos no meu colo que agora olho com carinho e afeição

porque eles me trouxeram até você

e a interrogação que eu faria agora prá perguntar porque me trouxeram até você mas não quero mais perguntar pelos pequenos monstros que te mostro meus pequenos anjos que me fazem sorrir chorar sorrindo distraído de tudo quando estou ao seu lado

--setembro de 2010

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